Conquistar o eleitorado subliminarmente, passando sob o radar de seu nível de consciência, é, do ponto de vista tecnológico, uma possibilidade dos nossos tempos. O tema foi explorado pelo advogado eleitoralista Fernando Neisser no TED Alike “Neuromarketing e psicometria eleitoral”, exibido na noite desta terça-feira (18/8), durante o VII Congresso Brasileiro de Direito Eleitoral, cuja programação é exclusiva para o público inscrito.
Neisser abriu sua exposição dizendo que desde 2014 tem consolidada a visão de que o excesso de regras para a propaganda eleitoral infantiliza o eleitor e afeta sua capacidade de escolha. Mais recentemente, vimos o advento da neurociência. “É um giro copérnico para o marketing e para a publicidade eleitoral. Antes tínhamos os focus groups. Neles a interferência do cérebro, que inventa respostas que não sabe, as campanhas eram levadas por caminhos errados. A mensuração do neuromarketing pula esse risco e consegue atuar abaixo do nível da consciência”, explicou.
O advogado falou ainda sobre psicometria eleitoral, que eleva a assertividade do impulsionamento nas redes sociais, buscando um público com maior disposição de ouvir cada mensagem. “É velha a tática infantil de modular a linguagem dirigida aos pais, mas com recursos computacionais e aplicada em uma escala inimaginável”, observou.
Ao perguntar se o eleitor tem a capacidade de se defender diante da soma desses recursos, Neisser lembrou que eles são tangíveis quando nos vemos diante de uma rede social, nos perguntando como o algoritmo sabe no que estamos pensando ou o que queremos. “Essas técnicas tolhem a liberdade do eleitor. É preciso admitir: estamos em perigo”, afirmou, desculpando-se antecipadamente pelo tom alarmista.
“Precisamos saber que isso existe e nos unir com outros países nos esforços para banir as técnicas que querem fazer da arena política um grande jardim de infância”, concluiu.