Participação feminina na política foi o tema tratado pela advogada Luciana Nepomuceno na tarde desta quarta-feira (13/6) no VI Congresso Brasileiro de Direito Eleitoral.

“Nós, mulheres, somos maioria do eleitorado brasileiro e ainda vivenciamos um cenário lamentável na participação política feminina”, afirmou, acrescentando que o Brasil ocupa o 154º lugar em representatividade de mulheres no Congresso. “Estamos atrás de países que discriminam e negam direitos às mulheres, como o Afeganistão, Israel e o Paquistão”, explicou.

Luciana falou também sobre o aumento das candidaturas femininas na última eleição, mas lembrou que não há nada para comemorar. “Não foi uma mudança de paradigma, mas sim um sistema de cotas. As alterações na lei 9.504/97 determinaram que todos os partidos e coligações apresentassem um percentual mínimo de 30% da cota de gênero de menor representatividade, ou seja, as mulheres.”

A advogada acha louvável que as entidades tenham iniciativa, mas ressalta que os pleitos posteriores mostraram que as cotas são insuficientes para elevar o número de candidatas. “O machismo, a dependência econômica, a falta de incentivo, a tríplice jornada e o próprio sistema adotado no Brasil faz com que os homens sejam eleitos”, disse. “As mulheres cansaram de ser tratadas como candidatas de segunda categoria, de sentirem-se abandonadas pelos partidos e pela família, por isso precisamos de ações afirmativas, para que se desenvolva um processo de conscientização geral em que elas desejem ocupar espaços de poder”, ressaltou. Para ela, a democracia é para todos e para a sociedade. “Nós não queremos tirar o lugar que vocês (homens) ocupam, queremos igualdade de posições para obter resultados equivalentes. Precisamos que vocês sejam nossos aliados e que nos perguntem como podem ajudar neste processo de mudança.”