Em painel moderado pelo jornalista Rogério Galindo, fundador do portal Plural, foram discutidas as conexões e influências entre política, crime e justiça. A primeira apresentação foi da jornalista Anielle Franco, irmã da vereadora carioca Marielle Franco, assassinada no dia 14 de março de 2018. “Seja lá quem quer que tenha arquitetado esse crime, não esperava que ela ganhasse voz tão grande após o brutal assassinado”, disse em participação por vídeo. A deputada federal Margarete Coelho apontou a questão da invisibilidade feminina no universo jurídico. “A linguagem do direito é masculina. É do confronto. As mulheres não se reconhecem nas obras jurídicas nem nos partidos”, destacou. A parlamentar apontou ainda como problema de que a economia do cuidado – das trabalhadoras domésticas, das donas de casa – também não é plenamente reconhecida pelo direito.

Sem tempo

O produtor de conteúdo Ivan Mizanzuk, designer por formação, explicou aos participantes do CBDE que se tornou jornalista por acaso, ao decidir mergulhar na apuração de fatos para produzir o Podcast Projeto Humanos. “Escolhi um caso que me fascinava desde a infância e que se tornou conhecido por um nome de que eu não gostava, porque já carregava um viés: as bruxas de Guaratuba”, relatou. Mizanzuk disse que ao longo da apuração foi consolidando a percepção de que as pessoas são criminalizadas por aspectos como sua religião, orientação sexual ou gênero. Na trajetória investigativa, ele buscou valorizar as etapas de apuração e checagem, características do jornalismo profissional quando exercido com responsabilidade. “Descobri que jamais quero atuar numa redação porque os profissionais não têm tempo para a apuração completa”, observou, apontando a questão como um problema em aberto para o qual não tem resposta.

Eleições

O advogado Carlos de Castro, o Kakay, foi o último a fazer sua exposição no painel. Kakay chamou a atenção para a barbárie que pode se instalar nas eleições, uma vez que um dos candidatos põe em xeque a legitimidade do processo. “Essas eleições têm importância porque podem ser as últimas”, advertiu. Para ele, nesse meio caminho entre a civilização e a barbárie, a saída está no enfrentamento das arbitrariedades. “Quem ganhar tem de levar. Para isso tem de haver um enfrentamento dos absurdos”, pontuou.